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A cabeça de mulher

março 11, 2011

O agente encontrou a cabeça, enfim. Sim, era uma bela cabeça. Cabelos bonitos, bem cuidados, bem penteados. Traços finos, delicados. Uma expressão simpática, bonita. Até meiga.

Mas estava fora do corpo. Apenas pendurada no varal. Mas não se preocupe, não estava morta. Apenas estava fora do corpo. Ainda vivia. E falava.

– Por que a colocaram no varal? – pergunta o agente.

Não houve resposta, a princípio.

– Por quê? – repetiu o agente.

– Foi para que a pudéssemos movimentar melhor – respondeu um dos anfitriões.

– Mas para quê colocá-la no varal? – insistiu o agente.

– Ela tem vantagens assim. Tanto pode enxergar as pessoas do alto, como também podemos movimentá-la e variar seu ângulo de visão sem…

– Sem?

– Sem tocar nela.

A cabeça de mulher abaixou os olhos, movimento repetido pelo agente..

Por Maurício Kanno

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